quarta-feira, 2 de dezembro de 2009

CONHECIMENTO E LEITURA

Somos um país de analfabetos, diria, com ares de fatalidade, intelectuais e políticos de Pindorama da primeira metade do sangrento século XX. Na verdade, a educação foi, digamos, ungida a uma das prioridades nacionais, durante o período Vargas, e sobretudo depois dos anos cinqüenta. Ou pelo menos passou a ser planejada e discutida em termos nacionais, junto com as universidades que foram criadas a partir daquela época. Intelectuais surgiram , tentando interpretar o que seria o Brasil, e sua educação. Gilberto Freyre, Caio Prado Júnior, Sérgio Buarque de Hollanda, Câmara Cascudo, Florestan Fernandes, Darcy Ribeiro, Roberto Campos, foram dos seus modos, os mais diversos, discutidores do Brasil. De onde viemos? Quem somos? Para onde vamos? O que significa o Brasil? O que é ser brasileiro? Qual o caráter de nosso povo? Todos, grandes intelectuais brasileiros do pós-guerra, discutiram, participaram ativamente da luta pela educação no Brasil. Que, naquela época, era boa, mas excludente. A grande maioria ficava de fora. Depois, com os militares, a educação, foi, digamos, massificada, de certa forma, democratizada, porém, perderia a qualidade. E foi no final dos anos noventa, com Fernando Henrique, que, finalmente a escola foi universalizada, com quase todos na escola, e muitos voltando a estudar. Um século depois da universalização da escola nos principais países europeus, e nos Estados Unidos.
Hoje continuamos na mesma. Depois de universalizada, a escola ainda está péssima, e a maioria do povo, ainda não consegue ler os grandes interpretadores do Brasil, aliás , mal os conhecem. Não só o povo, mas a grande maioria dos professores, que também não tem o hábito de ler, também desconhecem o que estes grandes brasileiros pensaram. É uma pena, pois não imaginam o que estão perdendo...E, como os professores não lêem, os alunos idem. Passam a maior parte do tempo em decorebas, ou treinando o complicado jogo do vestibular. E todos, ou quase todos, não pensam. E quem não pensa, como é que vai ensinar a pensar? Ademais, professor ganha mal, é desrespeitado pelos alunos, estes super protegidos por uma legislação extremamente babaca e liberalóide típica dos nossos construtivistas de plantão, então, quem vai ser professor? Os estudantes mais pobres, que não conseguem passar no vestibular em carreiras social e financeiramente mais vantajosas, como Direito, Medicina, Informática, Administração, ou mesmo Turismo, só para ficarmos nestes exemplos. Repitamos, é preciso pagar bem aos professores, claro, exigindo-lhes o devido desempenho e responsabilidade profissional. Como diria o nosso economista-educador Cláudio Moura e Castro, o ensino básico está de mal a pior, a graduação universitária também. Só se salva a pós-graduação. Esta, porque todos dependem do desempenho, e os professores podem dar uns cocorotes nos alunos. Em sentido figurado, claro, mas que dão, dão. E sem repressão, não há educação, já diria o finado intelectual alemão, Sigmund Freud. Afinal, como inserir, civilizatoriamente as pessoas, sem reprimir-lhes a libido? Existe o estudar brincando? Afinal, aprender é sofrer...mas tem êxtase, que é a descoberta. As viagens em mundos nunca dantes navegados, como diria o poeta português, Camões.
É preciso mais ordem, e sobretudo respeito. E, evidentemente competência profissional, e sobretudo estímulo. Trabalhar e ganhar para viver, ora bolas!Porém, os donos do poder, antes defensores da ética e dos bons costumes políticos, e da qualidade na educação, aumentaram os gastos com o ensino universitário público, tirando do ensino básico e fundamental. Salários de professores , nem pensar. Disseram que o recém criado FUNDEB iria corrigir distorções nos estados. Hoje nem se fala mais nisso. Enquanto escrevo, o governo tenta minimizar a vergonhosa roubalheira do caixa dois, inventando a “teoria da corrupção sistêmica”. Não são as pessoas corruptas, é o sistema. Então, para que o presidente foi eleito? Para mudar ou piorar as coisas? Claro, todos os governos, políticos, todo mundo mente. Mas nunca vi tanta cara de pau neste governo. Ninguém sabe, ninguém viu, o cinismo corre solto. Dá até vontade de rir, se não doesse no nosso bolso. Afinal, o que os economistas chamam de custo Brasil, dentre eles, a corrupção ganha destaque.
E vamos seguindo rumo à mediocridade. Apesar de alguns avanços, a educação ainda não se constitui uma das prioridades nacionais. Os professores só faltam apanhar dentro de classe, com alunos que fazem o que querem , infernizando mais e mais suas vidas. Apesar de tudo e de todos, temos professores muito bons, mas que precisam ainda ser lapidados. É preciso centros permanentes de capacitação, e atualização profissional. É preciso restabelecer a autoridade do professor dentro da sala de aula, reprimindo veementemente os desordeiros, que muitas vezes precisam também de psicólogos. Por isso que as escolas militares são altamente disputadas. São eficientes e têm rígida disciplina. O resto é conversa fiada de construtivistas e/ou seguidores de Paulo Freire. Os idiotas da objetividade, como diria o saudoso Nélson Rodrigues.
E os alunos, e boa parte do professorado, continuam ignorantes. Muitos chegam a faculdade sem saber ler. Como Lula, que sua a camisa para ler um texto de uma página de jornal. Mas . ninguém mais do que Lula para apreciar uma boa ignorância. Afinal, são os menos escolarizados que hoje o apóiam. Então, viva a ignorância, e com ele, caminhemos firmemente para o quarto mundo. Ou quinto, quem sabe?

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