segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

REVOLUÇÃO E FUNDAMENTALISMO


Nem sempre uma revolução é, digamos, progressista. Muitas caem no fundamentalismo, que pode ser religioso, como no caso do Irã, ou pretensamente laico e materilista, como no caso da China sob Mao Tsé Tung. Na verdade, na primeira metade do século XX, a santíssima trindade do comunismo era Marx, Lênin e Stálin. O último, aclamado pela propaganda como “o guia genial dos povos”. Na China, acrescentaram Mao e seus seguidores. O culto à personalidade era um traço marcante da propaganda comunista. Aqui, o franzino Prestes era também endeusado pelos comunistas, que eram a grande maioria das esquerdas da época. Quem discordasse dessa gente, era implacavelmente perseguido, inclusive os esquerdistas de outras tendências, dado o autoritarismo evidente no âmago do pensamento leninista. Sobretudo na ex União Soviética, ou mesmo na China, aonde os opositores eram sumariamente executados em massa.



FUNDAMENTALISMO RELIGIOSO





O fundamentalismo religioso é pior do que o laico. Os governos teocráticos também são os piores. Afinal, quem é contra o governo, é considerado contra deus. Ademais, quem pode ficar contra o todo poderoso? Os primeiros sistemas de governo foram teocráticos, como no Egito e no Império Azteca. Foram os governos possíveis para a época. Mas agora, na era atômica e da internet, parece brincadeira. O Irã, é um inferno para se viver. Aliás, nos países mulçumanos mais radicais também, como na Arábia Saudita, terra de Bin Laden, aonde os fundamentalistas são reprimidos à ferro e fogo, pela monarquia presente. E o grande perigo destas manifestações é que resultem na vitória dos fundamentalistas, com a implantação de regimes teocráticos como o Irã. Seria trocar regimes autocráticos e corruptos, por regimes totalitários e também corruptos. Ou seja, o ruim pelo pior. Porém, como diria Marx, a história não se repete. Muitos ingênuos acreditam que as forças da democracia podem sair ganhando. Gostaria muito, mas é difícil. O islamismo é a antítese da liberdade e da democracia, assim como os governos pretensamente teocráticos. Já pensaram os povos árabes nas mãos dos fundamentalistas? Na época da revolução islâmica no Irã, a maioria das esquerdas apoiaram, por ser contra os EUA. Os próprios esquerdistas iranianos que a apoiaram, foram sumariamente eliminados, por serem laicos e materialistas, claro. Diante destes regimes, a dominação católica na Idade Média parece brincadeira de criança.



ISLAMISMO E OCIDENTE



Desde sua expansão a partir do século VII d. C., o islamismo do profeta Maomé, dominaria partes da Europa, como parte dos Balcãs e a Península Ibérica. Um grande acontecimento do final do século XV (1492) foi a tomada de Granada pelos católicos espanhóis, marcando a expulsão dos maometanos islamitas da Península Ibérica. Outro grande acontecimento passaria quase despercebido, foi a descoberta da América por Colombo e seus irrequietos marinheiros, numa empreitada com apenas três míseras embarcações, um tanto quanto já obsoletas para a época. Até ali os mulçumanos superavam os europeus cristãos, tanto em organização social, como em cultura e tecnologia. Aliás, foram os mulçumanos que preservariam boa parte dos escritos clássicos, apesar de serem os responsáveis pela destruição da grande biblioteca de Alexandria no Egito. Em síntese, é a partir do século XV, com a expansão ultramarina, que os europeus começam a ultraspassar os muçumanos. Do ponto de vista político, as idéias iluministas proporcionaram a idéia da democracia e da liberdade, ampliada pela revolução burguesa e capitalista dos séculos XVIII e XIX, forçando, podemos dizer assim, uma separação da igreja do estado. Nunca, em toda a sua história, o pensamento religioso foi tão combatido, surgindo a idéia de um estado não só democrático, mas laico. Nos países mulçumanos isto não aconteceu. Ainda hoje, a religião não se divorciou do estado, mantendo uma enorme influência na sociedade e na política.



ALTERNATIVAS



Uma maior abertura democrática, visando anular, ou fazer retroceder a influência dos fundamentalistas na política. Mesmo que estas reformas venham de cima, podemos dizer assim. Em outras palavras, uma abertura controlada. Decerto muitos setores destas populações rejeitam o fundamentalismo, porém o mesmo tem raízes marcadamente populares, apesar de em muitos casos serem financiadas pelo Irã, que é persa, e não árabe. Vamos atentamente acompanhar os fatos. Como bem falou o nosso colunista Adriel, vamos aguardar os acontecimentos, e os comentar, claro. Também cabe a pergunta: como manter regimes fechados com o crescimento fantástico dos meios de comunicação como a internet? Aliás estes movimentos são organizados e coordenados através da internet. Menos mal.

Um comentário:

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