domingo, 4 de dezembro de 2011

POLÍTICA, MÚSICA E POESIA NA SERRA DO TARÁ

A convite do professor Rafael Brasil, amigo de longas datas, mesmo ele sendo hoje confessadamente de direita, enquanto me inclino mais à esquerda, estive hoje na Serra do Tará, que se não estou enganado está praticamente na divisa dos municípios de Caetés e Venturosa. A fazenda de Faé, herdada do seu velho pai, fica próxima a estrada que liga Garanhuns/Arcoverde, num terreno íngreme cheio de pedras e uma bela visão do que é o semi-árido nordestino. A serra é um lugar tão encantador e meio mágico, em nossa paisagem, que foi escolhido para as cenas iniciais do filme "Lula, o Filho do Brasil". O professor não gosta de Lula nem um pouco e por isso detesta a obra cinematográfica sem precisar assistir. Devia conferir só para comprovar que sensação boa é ver um lugar assim, podemos dizer "da gente", eternizado no cinema. Mas isso não vem ao caso, independente de posições ideológicas, sétima arte ou qualquer outra coisa conservo pelo meu amigo o mesmo afeto dos tempos de Olinda, quando passávamos tardes inteiras conhecendo as novidades da MPB dos anos 70, como Fagner, Belchior, Zé Ramalho, Amelinha. Éramos jovens e sonhávamos com o fim da ditadura de Ernesto Geisel e depois João Batista Figueiredo.

O Rafael Brasil Filho era comunista neste tempo. Alguém imagina uma coisa dessas?

O professor e sua esposa, Josinete, receberam este escriba - devidamente acompanhado de Tereza e Carolina - com aquele sorriso e nos serviram uma excelente buchada de bode, acompanhada de todos aqueles apetrechos que fazem deste prato um dos mais saborosos e interessantes da culinária nordestina. Depois de comer,  Faé soltou o verbo e disse o que queria de Lula e Dilma, criticou o PT e as esquerdas em geral e não escondeu sua admiração pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Depois falou abertamente dos problemas de Caetés batendo sem dó na administração municipal. Disse que seu município é um escândalo e sem medo de ser acusado de homofobia insinuou que o prefeito é homossexual: "O namorado dele está de carro novo", reclamou, só faltando dizer que o dinheiro do veículo saiu dos cofres municipais. "Pode publicar que eu, Rafael Brasil, assumo", recomendou o professor.

Como outros integrantes da oposição de Caetés, Faé está desconfiado de que Lindolfo fez algum acordo com Zé da Luz. A seu ver, o município precisa de mudança e está na hora de testar um nome novo. Acha que uma chapa formada pelo ex-vereador Neguinho (não soube informar o nome do político porque todos só o chamam assim) e Carlos do Correio teria condições de empolgar os caeetenses.

O filho do ex-prefeito sabe que as oposições devem estar unidas. Armando, Galego, Severino Gordo, Dra. Gisele e outras lideranças devem dar as mãos e pensar num projeto para Caetés. Ou fazem isso ou Zé da Luz elege novamente quem quiser.

Todo esse papo sobre política - nacional e regional - teve como fundo musical o alagoano Djavan. As canções mais bonitas desse excepcional artista foram executadas no som do dono da casa e da sala o repórter via uma parte da serra, naturalmente atento tanto às conversas quanto à música de qualidade com que era brindado.

Ainda falei com Ricardo, irmão de Rafael, um sujeito boa praça a quem a gente sempre vê de bom humor. Estava com Rodrigues, um cara de cor escura e sorriso claro, gente boa. Lembro dele moço, jogando nos times de futebol de Caetés, de Capoeiras e também na AGA. Era um craque.

Outro que estava lá era o professor Carlos Eduardo, hoje funcionário da Secretaria de Educação de Capoeiras e uma das pessoas de confiança da secretária Josevalda Cavalcanti. Edu chegou na sala, de surpresa e durante quase 3 ou 5 minutos declamou uns versos muitos bonitos. Sinto não tê-los guardados na memória, contudo garanto que era uma poesia bem construída. E ele tem talento para declamar. Fiquei curioso para saber o autor, Josinete também e quando ela perguntou o mistério se desfez: "Os versos são meus", disse.

Depois disso tudo ainda passei em Capoeiras, dei benção a minha amada mãe Maria das Neves, cumprimentei meu irmão rubro-negro, o Júnior e dei uma passada na Loja de Linda Almeida. Estava lotada, muita gente jovem, aquela atenção de sempre dos funcionários e é impossível não comprar alguma coisa.

Uma tarde assim, para conversar com os amigos, comer buchada, discutir política, ouvir música,  apreciar poesia e fazer compras não é todo dia, não é mesmo? A gente tem mais é de agradecer a Deus.

Avisei a Josinete, a mulher de Faé: "Eu sofro de uma doença. Estou aqui, mas o texto já está pronto na cabeça. Quando chegar em casa vou relatar este momento no blog". Ela com muita generosidade disse não se tratar de doença nenhuma e sim de um talento. Pode ser. Espero que alguns leitores concordem com ela e mesmo que falte o talento anunciado aprovem a postagem. Seja pela poesia, pela música, a parte política ou pelo menos pela buchada. (A foto da Serra do Tará é do Elio Rocha).
 
Texto de Roberto Almeida.

Um comentário:

  1. Perdi uma grande farra Rafael, fui "inventar" de extrair um dente!

    Fica para a próxima, a serra do Tará que me espere!!!!!

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