segunda-feira, 21 de outubro de 2013

CONTAS ABERTAS: INFRAERO: SOMENTE METADE DOS INVESTIMENTOS EM AEROPORTOS DA COPA FORAM REALIZADOS

Infraero: somente metade dos investimentos em aeroportos da Copa foram realizados

18 de outubro de 2013 
Dyelle Menezes
Foto - InfraeroA um ano da Copa do Mundo de 2014, o valor das passagens para turistas nacionais e estrangeiros já está nas alturas, podendo ser até 10 vezes maior do que o preço normal. Porém, é provável que esses passageiros encontrem aeroportos com diversas limitações de serviços.
Em 2013, doze aeroportos de cidades que irão receber o mundial deveriam ser contemplados com investimentos da Infraero. Ao todo, R$ 1 bilhão está autorizado especificamente para essas localidades. No entanto, até o final de agosto apenas 54% dos recursos foram aplicados, o equivalente a R$ 551,5 milhões.
Das 12 obras previstas para aeroportos da Copa, seis desembolsaram menos de 50% dos recursos disponíveis. Nessa situação está, por exemplo, a adequação do Aeroporto Internacional de Confins – Tancredo Neves, em Minas Gerais. A Infraero possui estimativa de aplicar R$ 163,7 milhões na ação. Porém, nos primeiros oito meses do ano, apenas 34,7% desse valor foi utilizado.
Outra ação que ainda está com a execução “pela metade” é a de adequação do Aeroporto Internacional Antonio Carlos Jobim (Galeão), no Rio de Janeiro. Do total de R$ 153,6 milhões autorizados, somente R$ 69,8 milhões foram aplicados pela Infraero até o final de agosto.
A execução da construção do Terminal de Passageiros 2 do Aeroporto Internacional Pinto Martins – Fortaleza (CE) atingiu apenas 29,5% do total de R$ 126,3 milhões.
As obras adequação do Aeroporto Internacional de Guarulhos e Porto Alegre, e a de adequação do Terminal de Passageiros do Aeroporto Internacional de Cuiabá também estão na lista de execução abaixo de 50%.
Segundo a Infraero, no caso de Guarulhos, o valor orçado para 2013 refere-se ao pagamento de desapropriação de áreas públicas. Já no Aeroporto de Confins, a baixa execução nos primeiros meses do ano ocorreu em função de atrasos na entrega de projetos executivos. Após a entrega dos projetos, foi elaborado um plano de recuperação da obra entre a Infraero e a contratada. “Isso aumentou as frentes de trabalho de forma que o prazo de entrega será mantido”, explica a estatal.
Em Porto Alegre, a Infraero afirmou que a empresa responsável pela obra do pátio de aeronaves solicitou a rescisão contratual em julho deste ano. A Infraero convidou a segunda colocada que se manifestou favorável e retomada da obra ocorreu em agosto.
“No aeroporto de Fortaleza houve greve dos funcionários da empreiteira responsável pela obra, o que afetou o andamento dos trabalhos. No momento, os cronogramas estão sendo executados conforme previsto nos contratos, sendo que eventuais atrasos serão compensados nos meses seguintes”, aponta a empresa.
Apesar da baixa execução de algumas obras, a Infraero afirmou que o ritmo de investimentos era o esperado. A expectativa da empresa é executar a totalidade dos recursos previstos até o final do ano.
Recorde
Quando considerados, todos os investimentos da Infraero para este ano, a empresa bateu recorde na aplicação dos recursos. Do total de R$ 1,6 bilhão autorizado para obras e compra de equipamentos em 2013, R$ 884,5 milhões já foram aplicados. Em valores constantes (atualizados pelo IGP-DI, da FGV), o montante é o maior para o período desde 2000.
Para Carlos Campos, pesquisador de infraestrutura do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), o aumento de investimentos é uma pressão da sociedade para a qualidade dos aeroportos, mas também da própria Copa do Mundo. “O Mundial de 2014 é uma parede intransponível para o setor aéreo”, explica Campos.
Segundo o especialista a demanda dos aeroportos cresceu muito nos últimos anos e, por isso, passou-se a trabalhar acima da capacidade. “A resposta acabou tendo que ser fazer um ajuste no programa de investimentos, que começa a ter bons resultados em 2013”.
De acordo com Campos é extremamente positivo que as aplicações estejam acontecendo de maneira mais rápida, já que o setor necessita de maior qualidade de infraestrutura. “Além disso, devemos ver uma acentuação ainda maior desses investimentos até o final do ano, já que nos próximos meses, historicamente, a empresa investe mais”.
Segundo o especialista, nos próximos três anos os investimentos da Infraero devem ser alavancados. “Os principais entraves para as obras já passaram, como a elaboração de projetos básicos e executivos e a aprovação do Tribunal de Contas da União. As obras estão em execução e isso é ótimo para as aplicações se superarem”, explica.
Apesar da realização da Copa do Mundo ter colocados holofotes nos aeroportos, a Infraero afirmou que os investimentos em andamento, para além dos grandes eventos esportivos, estão pautados para atender ao forte crescimento da demanda, associada ao aumento no movimento de passageiros, aeronaves e cargas nos aeroportos.
“A chegada dos eventos veio reforçar o desafio da ampliação da oferta de infraestrutura. De qualquer forma, os investimentos não se limitam a esses eventos e envolvem outros horizontes futuros de projeção de crescimento da demanda. No momento estamos com obras de reforma, modernização e ampliação de aeroportos em várias cidades, incluindo as que receberão os jogos da Copa e outras, como Florianópolis, Goiânia, Vitória, Macapá, Foz do Iguaçu e Macaé”, explica a empresa.
Em 2012, a Infraero atingiu recorde de investimentos, com R$ 1,69 bilhão aplicado em obras, terrenos, equipamentos e participações societárias – valor 48% superior ao investido em 2011. Desse total de investimentos, R$ 885,1 milhões foram realizados com recursos próprios (dos quais R$ 78,3 milhões oriundos de aporte de capital, R$ 808,9 milhões com recursos do Adicional de Tarifa Aeroportuária – Ataero e R$ 0,6 milhão com recursos de convênios).
“Pautado em estratégias que se alinham com as do governo federal, a execução dos investimentos visou suprir as necessidades impostas pelo aumento da demanda nos aeroportos brasileiros e pela necessidade de manutenção da qualidade, segurança, conforto e eficiência operacional da rede de aeroportos e unidades de navegação”, afirmou a empresa.
Desafios
A Infraero afirmou que, no momento, o principal desafio é o de executar as complexas obras de reforma, modernização e ampliação dos aeroportos com essas estruturas em operação, além de garantir que as empresas contratadas para executar os projetos e obras não entreguem projetos com falhas ou executem os serviços com dificuldade.
Para Campos, além disso, a Infraero vai passar a depender mais de recursos fiscais, já que realizava muitos investimentos a partir das receitas operacionais, que devem cair com a concessão dos principais aeroportos do país. “Essa vai ser uma luta que a Infraero precisará enfrentar de maneira forte e de frente”, apontou Campos.
Os efeitos da perda de receita desses aeroportos já parece estar sendo sentido. Conforme publicação do Estadão na última terça-feira (15), a Infraero determinou cortes substanciais nos contratos de manutenção preventiva dos aeroportos que administra. As medidas foram adotadas mesmo com alertas de que podem comprometer a segurança. O objetivo é reduzir gastos de custeio diante da previsão de prejuízo operacional de R$ 391,1 milhões.
A diretoria financeira da estatal projeta insuficiência de caixa a partir de janeiro de 2014. As informações constam de memorando interno, ao qual o Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, teve acesso. A previsão de uma “situação financeira crítica” revela rápida deterioração do balanço da Infraero no primeiro ano após o início das concessões. Em 2012, houve lucro operacional de R$ 594,2 milhões e lucro líquido de R$ 396,7 milhões.
O desequilíbrio financeiro tem ligação direta com a concessão dos aeroportos de Brasília (DF), Viracopos (SP) e Guarulhos (SP) à iniciativa privada, em 2012. Juntos, eles respondiam por 38% da receita. Agora, a empresa recebe apenas o proporcional à sua participação de 49%, o que representou queda de 31,5% na receita de janeiro a agosto. O prejuízo chega a R$ 201,2 milhões no período e “não existe expectativa de reversão até o final do ano”.
A situação tende a se agravar com os leilões de Confins (MG) e Galeão (RJ) no mês que vem. Em julho, o governo autorizou aporte de R$ 1,35 bilhão na empresa. Para 2014, estão previstos outros R$ 2 bilhões.
 
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