quinta-feira, 22 de maio de 2014

VEJAM COMO SÃO EXECUTADOS OS CRIMINOSOS DO TEXAS - EUA - A prisão de Huntsville esconde seus segredos

A prisão de Huntsville esconde seus segredos

O cárcere texana é a última paragem de dezenas de presos antes de receber a pena capital no Estado norte-americano

Quem já viu seu interior o descreve como um lugar lúgubre, frio e antigo, mas seus segredos são reservados unicamente aos condenados à morte. A prisão de Huntsville é a última parada antes da injeção legal, o destino final de cerca de 15 pessoas por ano no Texas.
A “Unidade das Paredes” em Huntsville é um lugar cheio de protocolos. Cada passo é ensaiado: o lençol que cobrirá o rosto do executado, os trajes que serão usados pelo guarda e o capelão no interior do pavilhão da morte, a chamada para pronunciar as derradeiras palavras.
Assim aconteceu em 515 execuções desde 1976. A prisão de Huntsville é o coração da pena de morte no Estado do Texas.
Na prisão executaram-se a 515 pessoas desde 1976
Suas paredes de tijolos aparentes e fachada imponente oferecem poucos sinais de sua rotina. “Aqui não se permite o acesso à penitenciária a menos que alguém em seu interior permita. Talvez isso aconteça em outros Estados, mas não no Texas”, diz o porta-voz da prisão, Jason Clark.
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Mas isso não detém os milhares de turistas curiosos que percorrem suas calçadas numa visita à cidade, nem os manifestantes contra e a favor da pena de morte que se reúnem diante da prisão cada vez que ocorre uma execução.
Tudo começa quando cai a tarde, algumas horas antes das 18h, o horário autorizado para a aplicação da injeção letal no Texas. Os guardas fecham o acesso e os manifestantes empunham seus megafones e cartazes, normalmente contra o governador Rick Perry.
Se a execução envolve uma vítima policial, o ambiente fica ainda mais tenso, especialmente porque, às 18h, policiais aposentados e da ativa cercam a prisão sobre suas motocicletas, acelerando seus motores. É um sinal para que apressem a execução, mas normalmente os últimos recursos legais apresentados pelos advogados do réu atrasam o momento. O rugido ensurdecedor se repete a cada hora, em meio a preces e protestos.
Pelas janelas do segundo andar que dá para a entrada principal da prisão é possível vislumbrar réus vestidos de branco. Eles andam de um lado para outro. Alguns erguem a voz, com frases ininteligíveis.
Uma vez lá dentro, há quem grite a plenos pulmões contra o assassinato prestes a acontecer na Unidade das Paredes. Enquanto alguns chamam isso de justiça, o que é inegável é que se trata de uma experiência forte. Foi assim para Cody Stark, jornalista do The Huntsville Item, que há quatro anos vem sendo testemunha de execuções. Os repórteres geralmente entram na sala onde fica a família do preso.
Na primeira vez em que entrou em Huntsville, Stark se surpreendeu com a quantidade de barreiras com grades que teve que atravessar. “São cinco ou seis, todas um pouco assustadoras. Antes de entrar, eu nunca tinha visto alguém morrer. É duro, mas é o meu trabalho. Assisti à execução de um membro de uma gangue que tinha matado dois outros membros. Não havia familiares dele na sala, e isso tornou a experiência um pouco mais fácil”, ele conta.
“Os funcionários seguem a rotina passo a passo, e nunca há exceções. O ambiente que a gente vivencia, como repórter, geralmente é o que prevalece entre os familiares do réu, porque o maior impacto que você sente é a reação deles.”
Patty Estrada, jornalista do Semana News, imaginava a penitenciária de Huntsville como um lugar muito mais barulhento, mas se deparou com algo diferente quando presenciou a morte do mexicano Edgar Tamayo. “O silêncio é enorme, definitivo. Quando estive do lado de fora durante as execuções, ouvi pessoas gritando das janelas, mas lá dentro não se ouve nada disso.”
“Os guardas falam pouco, e não se observa nenhuma reação da parte deles. O que mais me chamou a atenção é um jardinzinho que fica antes da entrada da Unidade das Paredes. Parece um oásis. Percebe-se que é um lugar agradável, com várias plantas”, ela comenta.
Pedro Rojas, jornalista da Univisión 45, diz que a maioria dos guardas que ele viu dentro da prisão são afroamericanos. Em fila, e seguindo um caminho estritamente supervisionado, ele passou pelas primeiras portas de segurança e controle, observou a área de visitas, duas portas adiante, e viu o corredor que leva à câmara de execução, ao lado da qual há um pequeno jardim. O lugar tem três portas de acesso: uma para o condenado à morte, outra para os familiares da vítima e a terceira para os familiares do condenado.
“Quando entramos, a pessoa já está pronta, deitada e amarrada, com os braços estendidos em cruz sobre a cama. Um tubo de soro já está conectado a seu braço direito, e ela está coberta por um lençol branco. Há um microfone, o capelão está aos pés da cama e o funcionário na cabeceira. É nesse momento que lhe pedem sua última declaração.”
“Dez minutos depois de ser aplicada a injeção, um médico entra para examinar os sinais vitais e determinar se o réu está morto. Meu único referencial eram filmes ou situações desastrosas como o que aconteceu no Ohio, mas aqui simplesmente parecia que os condenados tinham adormecido.”
O que nem os meios de comunicação nem os visitantes podem ver é a vida que os réus levam antes de chegar à Unidade das Paredes em Huntsville. A maioria deles vem do presídio de segurança máxima chamado Unidade Polunsky e chega a Huntsville para ser executada.
Mitos passaram por décadas de espera que se traduziram em gravuras, roupas ou desenhos feitos à mão para passar o tempo. A maioria desses objetos vai parar no Museu da Prisão de Huntsville, que também reúne relíquias de outras prisões da cidade que abrigam cerca de 9.000 detentos.
Outro ritual de Huntsville que tampouco pode ser presenciado é o enterro dos corpos. No caso de estrangeiros, os consulados se encarregam dos trâmites de repatriação, mas quando são americanos e a família decide assim, ou simplesmente não se apresenta, os corpos são levados ao cemitério municipal Joe Byrd, onde voltam a ser encerrados juntos, desta vez debaixo da terra.

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