terça-feira, 28 de abril de 2015

Diário filosófico de Olavo: o fingimento psicopático de Marco Antonio Villa ESCRITO POR OLAVO DE CARVALHO | 28 ABRIL 2015


Com certeza não vou discutir política com o Villa. O estudo de uma personalidade psicopática é MUITO mais interessante. Estou começando a entender a cabeça do sujeito.

O tipo de charlatão contumaz que encarna na sua pessoa a “cultura do fingimento”, da qual falava Roger Scruton, caracteriza-se pelo uso muito peculiar que faz dos chavões e frases feitas. Estes esquemas verbais “prêts-à-porter” servem para muitas coisas. Um cidadão sem muita cultura ou sensibilidade literária pode usá-los para descrever imprecisamente fatos e experiências cujos equivalentes verbais exatos escapam ao seu repertório. O charlatão emprega-os como instrumentos dotados de força própria, independente de quaisquer fatos ou experiências que, em vez de expressar, eles substituem. O ignorante inocente apela aos chavões como instrumentos de expressão; o charlatão, como instrumentos de falsificação.
O ignorante inocente recorre, por exemplo, ao chavão “intolerância à divergência” para explicar que não o deixaram falar numa assembléia. O fingidor psicopático usa o mesmo chavão para falar de alguém ao qual ele jamais tentou expor divergência alguma e que, decerto, jamais o impediu de fazê-lo. Os dois dão igualmente a impressão de queixar-se de opressores. A diferença é que o primeiro sofreu alguma opressão. O segundo, ao contrário, finge sofrê-la para poder praticá-la.
Estou começando a desconfiar que o fingimento do Villa não é histérico, é psicopático mesmo. É uma questão de comparar currículos. A desproporção entre o conceito de que desfruto nos meios intelectuais internacionais e o prestígio local do pobre Villa num ambiente jornalístico de III Mundo é tão monstruosa, que só reunindo toda a força do blefe psicopático pode ter ele dado a impressão de que era um grande acadêmico falando de um zé-mané sem obra ou referências.
É característico da mente psicopática não ter sentimentos mas saber produzi-los – e infundi-los na platéia — por imitação das suas feições exteriores. O sr. Villa não pode estar realmente indignado com a minha apologia de “um Estado forte” (sic), porque jamais a fiz. Mas pode fingir que está, e fingi-lo com tão perfeito desempenho cênico, que a platéia se convence de que não faço outra coisa na minha porca vida.
Consultado pela Rachel Scheherazade logo após sua explosão de cólera anti-olavística na Veja TV, o sr. Villa disse que tudo não havia passado de um malentendido. Horas depois, repetia o ataque, em dose dobrada, na Jovem Pan. Isso não é fingimento histérico. É mendacidade psicopática.
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Nos primeiros minutos, até me senti ofendido com o que o Villa disse. Agora já não me sinto mais. A conversa passou do terreno da política e das ofensas pessoais para o da psiquiatria forense.
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Não se esqueçam. Um dia o Rodrigo Constantino também me chamou de "embusteiro", e até hoje reconhece que pagou mico. Mas o Rodrigo é uma pessoa normal, dotada de consciência moral. O Villa, como é um psicopata, só voltará atrás por medo ou se achar vantajoso.
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Há trinta anos venho repetindo: A astrologia não é nem uma ciência nem uma pseudociência. É um PROBLEMA CIENTÍFICO atemorizante e fascinante, que ainda mal chegou a ser formulado, quanto mais estudado. Tudo quanto escrevi a respeito é uma tentativa de formulá-lo. Pessoas que não são capazes nem mesmo de imaginar que há um problema a formular são as que mais têm opiniões definitivas a respeito.
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Já que alguém falou de astrologia, minha teoria concernente aos horóscopos, até o ponto em que a desenvolvi tempos atrás, pode se resumir assim: O horóscopo é uma figura fixa, e os trânsitos e progressões dos planetas obedecem a um algoritmo também fixo dado de antemão. Logo, o horóscopo de nascimento, ao contrário do que dizem os astrólogos, não pode corresponder a uma entidade tão instável a cambiante como a "personalidade" humana. Ou o horóscopo não corresponde a nada, ou só pode corresponder a algum elemento fixo por baixo da personalidade em mutação. Qualquer "estudo estatístico" que não levasse essa distinção em conta só criaria mais problemas em vez de resolvê-los. A única entidade a que o horóscopo poderia corresponder, e ainda assim muito esquematicamente, seria àquilo que Kant chamava "caráter inteligível", a estrutura supratemporal da individualidade. Mas, como observava o próprio Kant, o caráter inteligível não pode ser conhecido por meios humanos, apenas vagamente entrevisto por partes isoladas. Para que um estudo científico da questão astrológica (não da "astrologia" socialmente existente como prática profissional) fosse possível, seria preciso primeiro operar, pelo método fenomenológico, a redução da personalidade real aos seus elementos imutáveis (o que colocava problemas de expressão verbal quase insolúveis), para depois conceber um método comparativo que permitisse averiguar se existia ou não alguma correspondência estrutural com os horóscopos, interpretados não segundo técnicas astrológicas usuais, mas segundo uma reformulação fenomenológica igualmente difícil e problemática. Foi esse o projeto que denominei, numa clara alusão kantiana, "O Caráter como Forma Pura da Personalidade". Não creio que isto seja assunto para se discutir com o Villa.
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Agradeço de coração à Joice Hasselman e ao Reinaldo Azevedo as palavras gentis que disseram a meu respeito na Veja TV, assim como o convite para a entrevista, que aceito, sem dúvida.
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Entre tantas outras realizações maravilhosas, o "Gefüllte Fisch", sozinho, já bastaria para justificar a existência do povo judeu. Penso nisso há dez anos e não encontro uma porra de um restaurante judeu nas redondezas.
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Episódio verídico testemunhado pela Roxane (Não sei se já contei):
Toca o telefone, o japonês atende:
-- Arô.
Do outro lado ouve-se uma risada.
O japonês:
-- Ficarínu, num fára nada, vô disirigá.

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