sexta-feira, 29 de maio de 2015

"A (quase) confissão de culpa de Putin", por Clóvis Rossi


Folha de São Paulo


 A reação do presidente russo, Vladimir Putin, ao escândalo da Fifa é quase uma confissão de culpa, a respeito da concessão da Copa do Mundo de 2018 à Rússia.

Diz Putin sobre as investigações lançadas conjuntamente pelas autoridades norte-americanas e suíças: "É outra tentativa clara dos Estados Unidos de disseminar sua jurisdição sobre outros Estados".

O normal, em chefes de Estado/governo, é que festejem o fato de ter sido lancetada uma ferida purulenta como é a corrupção no futebol.

Putin prefere, ao contrário de outros governantes, usar o caso Fifa para sua guerra aos Estados Unidos, como parte do renascido nacionalismo russo.

Usa, para tanto, um alvo geopolítico, talvez para desviar a atenção das suspeitas sobre a escolha da Rússia para a Copa de 2018 (e do Qatar para a seguinte).

É uma espécie de habeas-corpus preventivo para a possibilidade de que a concessão à Rússia seja revista, o que seria uma verdadeira declaração de guerra ao orgulho nacional.

Putin usou, primeiro, os Jogos Olímpicos de Inverno, realizados em Sochi, em 2014, como propaganda do renascimento russo. Não poupou gastos para dar brilho à competição, que foi de fato um êxito.

Sediar a Copa de 2018 seria o momento seguinte nessa estratégia.

No intervalo entre uma e outra competição, a Rússia anexou a Crimeia, território ucraniano, e usa interpostas pessoas para ocupar a região, também ucraniana, conhecida como Donbas.

Essas ações levaram a um conflito com as potências ocidentais, lideradas pelos Estados Unidos.

É por isso que Putin não pode permitir que a outorga à Rússia da Copa-2018 seja posta sob suspeição - e, menos ainda, possa ser cancelada.

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