sexta-feira, 24 de junho de 2016

A vitória da opção pela SAÍDA britânica da União Européia e sua importância


A manhã desta sexta-feira, dia 24 de junho de 2016, começa com a notícia de que a maioria dos eleitores do Reino Unido decidiu pela saída do bloco econômico mais importante do mundo, a União Européia.
Essa decisão dos eleitores é uma forte evidência de que as forças políticas estão se re-arranjando neste início de século 21. A opção pela permanência no bloco era apoiada pela ampla maioria dos formadores de opinião, tanto dentro do Reino Unido quanto mundo afora. O primeiro-ministro britânico David Cameron, do partido Conservador, o partido Trabalhista (do ex-primeiro ministro Tony Blair) e o partido Liberal Democrata eram favoráveis à permanência, assim como as mais influentes empresas de comunicação, os meios artísticos, celebridades, a maioria dos grandes empresários e os ditosintelectuais. Apesar disso tudo, o voto pela saída ganhou. Como isso aconteceu?
Se fosse possível fazer um paralelo no Brasil, esta opção do povo britânico contra suas elites se assemelha à vitória do NÃO na nossa disputa pelo desarmamento. Se fosse possível, visto que nosso referendo teve uma vitória percentualmente muito superior e, apesar disso, não teve efeitos práticos,  tendo continuado a compra de armas  regulares como uma atividade repleta de barreiras.
Os efeitos do voto do povo britânico serão mais simbólicos neste primeiro momento, com direito a grandes movimentos nas bolsas e flutuação na moeda, como já pode ser visto na abertura dos mercados no dia de hoje. Na prática, o processo de saída durará pelo menos dois anos em que o Reino Unido e a União Européia terão de negociar o que mudará de fato. Não importa tanto para nós entrar em detalhes da mudança prática desta decisão, cabe apenas notar que não é só aqui que os grupos que comandam politicamente os países detêm, hoje, menos poder do que imaginam.
EU-UK-flag
Há anos o mundo vem debatendo o tema da perda de representatividade e necessidade de realinhamento de forças políticas. Embora a questão tenha sido guiada basicamente por movimentos revolucionários, através da manipulação de temas afeitos a grupos minoritários, o que se tem visto é que a tal mudança necessária na representatividade tem beneficiado muito mais os cidadãos comuns e normais do que os profissionais da ideologia. No Brasil, foram os cidadãos sem filiação partidária e não engajados em grupinhos de extorsão de dinheiro público que tomaram as rédeas do processo político, que levou ao impeachment de Dilma, pouco depois da insurgência de movimentos violentos e revolucionários de rua terem sacudido o país em 2013. No Reino Unido, foi um sentimento de identidade nacional e recuperação da soberania contra elites burocráticas que tomam decisões numa distante Bruxelas, o que permitiu a vitória da opção pela SAÍDA, desafiando o esnobismo cosmopolita de quem defendia a permanência.
Diante de fatos tão importantes que já nascem carimbados com o selo de “histórico”, como a decisão inédita do povo do Reino Unido, há sempre uma pressa em interpretá-los, até como necessidade de adaptação. É para evitar erros motivados pela preferência que não me arriscarei a adivinhar o que acontecerá daqui para a frente no campo econômico e na diplomacia internacional, embora tenha minhas suspeitas. Importa mais, neste momento, notar os padrões de certos fatos e compreender neles o que se pode aproveitar em outros lugares e sob quais condições. Todos nós brasileiros que estamos vendo a radicalização da extrema esquerda acontecer em paralelo ao débâcle da nossa elite política devemos ver com bons olhos que é possível derrubar essas forças que, a despeito de sua demonstração de supremacia, estão totalmente apartadas da realidade dos cidadãos. É possível vencê-los

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